A alma seria tão só um ato pronunciável, e, por isso, cada um pesaria o que pesasse a sua própria fala. (...) Falamos da alma para criar e recriar a sua existência, e assim inevitavelmente se (pode) concluir que a alma pesa tanto quanto aquilo que uma região sem peso pesa. Pesa o peso do Universo e o peso da sua ausência. A leveza da sua alegria e o peso da sua dor. Pesa o que pesa a consciência de si, quando se narra. A alma é uma narrativa acumulada, enquanto se possui uma língua que a fala.
(Lídia Jorge, Combateremos a Sombra)