Quando era pequena, eu usava uma gabardine azul que me fazia feliz. Um dia roubaram-ma. Tinha oito anos quando uma menina, enquanto jogávamos bowling em família, a levou do meu banco sem ninguém reparar. Nunca mais vi essa gabardine que me fazia feliz.
Como o crocodilo de ar que o meu pai me comprou para eu montar nele na água, depois de muita insistência. A primeira vez que o usei, o vento levou-o. Também nunca mais vi o crocodilo nem nunca tive nada que o substituísse (fosse uma foca ou um leão do mar).
A minha mãe disse-me: cuidado que o vento está forte; tem atenção onde deixas o casaco.
Desculpa mãe. O azul da gabardine é a cor do meu arrependimento. É a cor da minha dor, a cor da minha inocência, a cor da minha ignorância. E do vento eu não tenho controle.
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