quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Elegia

Bebemos às escondidas
Em copos intactos
Vinho que talvez
Fosse para nós.

Bebemos às escondidas
Por entre as turbas
Que se moviam para o sol.

Era à saída dos nossos labirintos
E faltava-nos firmeza nas mãos.

As delícias do azul reservavam-se para a colina,
o cimo das árvores
E o ocioso gavião.

Tivemos a nossa hora e julgámos possível
Proteger as planícies e o próprio espaço.

Amámos às escondidas
E soubemos que não pode curar-se
Em pouco tempo alegria excessiva.

guillevic
élégie, fxécutoire (1947)
vozes da poesia europeia III

1 comentário:

  1. O que é que se faz com um poema destes?
    Parece que lê-lo vezes sem conta não é suficiente... que ele é maior que nós cada vez que o revisitamos... como se não houvesse espaço para tamanho prazer... como posso reinventar a leitura?

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