sábado, 25 de janeiro de 2014

As plantas do nosso jardim
















Ele acorda cedo. Mais cedo que eu. Vê as plantas do jardim antes de mim. Cuida delas sem mim. Mas quando eu acordo, chama-me até elas. Faz-me olhá-las e ver do que um jardim é capaz: a planta com as flores rosa, que carinhosamente no Brasil se chama de "Amor Agarradinho", morreu quando ele esteve ausente durante dez dias, os pés de tomate entrelaçaram-se com as folhas da árvore de pitanga, o alho francês cresceu só em cima, os oregãos morreram no Inverno e vieram em força no Verão sem termos feito nada, o manjericão ficou doente e não há forma de se recuperar e há um dia do mês em que acordamos e uma orquídea branca se abre linda para se fechar logo depois. Ele olha a orquídea aberta, fascinado, durante minutos e minutos e entusiasma-me ver algo que nunca repararia se não fosse ele. 

No nosso jardim ele rega as plantas quando o sol se põe, eu ajudo com a mangueira de vez em quando, quando ela se enrola e a água não passa, ele propõe um túnel de suculentas e cuida até das mais pequenas.

Um jardim que é dele e que por isso é nosso. Um jardim que ele me ensina a ver a cada dia e que eu guardo cada instante.

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