Imaginemos um povo de daltónicos, o que pode bem acontecer. Não teriam os mesmos conceitos de cor que nós. Supondo que falariam, por exemplo, alemão e teriam assim as palavras alemãs para as cores, usá-las-iam diferentemente de nós e aprenderiam a usá-las também de forma diferente. Ou se tivessem uma língua estrangeira, ser-nos-ia difícil traduzir as suas palavras de cor para as nossas.
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
Anotações sobre as Cores
Imaginemos um povo de daltónicos, o que pode bem acontecer. Não teriam os mesmos conceitos de cor que nós. Supondo que falariam, por exemplo, alemão e teriam assim as palavras alemãs para as cores, usá-las-iam diferentemente de nós e aprenderiam a usá-las também de forma diferente. Ou se tivessem uma língua estrangeira, ser-nos-ia difícil traduzir as suas palavras de cor para as nossas.
segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
sábado, 21 de dezembro de 2013
o ritual é bonito
O ritual é bonito.
Novembro de 2013
Entramos no Mercado Central e damos de cara com as empadas de milho. Nem sempre há, mas quando há comemos de pé a olhar um para o outro.
Depois, seguimos pelo labirinto.
Cheiros de toda a espécie surgem enquanto, perdidos, tentamos achar a banca do açaí.
O ritual é bonito. Banana. Granola. Ultimamente peço chocolate mas acabo sempre por não adicionar e ele fica perdido na mesa.
Saímos e está sempre sol. Lá fora já não há ritual. Só nós que somos ritual de nós próprios. Ritual um do outro. Há meses que nos fazemos parte e olhamos nos olhos, que se modificam a cada dia.
A minha mãe diz-me para eu levar para Portugal algo que eu goste aqui e que não haja lá. Só açaí, empada de milho e um ritual de olhar nos olhos dele.
Está frio para o açaí, está frio para a empada de milho e há saudade para os olhos que ficam e anseiam se encontrar de novo.
reencontro
diz-me que
não leve o vinho
que os fios de nós
precisam de outro tear
de agulhas mais fortes
que os teçam em voz
em dádiva talvez
diz-me
que leve as palavras
as mais guardadas
aquelas que a pele
do tempo não suou
as que gelam no
grave segredo do olhar
e que leve as mãos
e que elas falem
que voltem a dançar
na sua mão
ou mais perto
muito mais perto
gil t. sousa
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
Ai Camané... (suspirando!)
Ai, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que farias tu com ela?
- Tirava os brincos do prego,
Casava c'um homem cego
E ia morar para a Estrela.
Mas, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que diria a tua mãe?
- (Ela conhece-me a fundo.)
Que há muito parvo no mundo,
E que eras parvo também.
E, Margarida,
Se eu te desse a minha vida
No sentido de morrer?
- Eu iria ao teu enterro,
Mas achava que era um erro
Querer amar sem viver.
Mas, Margarida,
Se este dar-te a minha vida
Não fosse senão poesia?
- Então, filho, nada feito.
Fica tudo sem efeito.
Nesta casa não se fia.
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
Onde é a Alemanha?
- Onde é a Alemanha?
Pergunta ela ao seu pai, trabalhador emigrante na Alemanha. O pai responde: "Ali, do outro lado."
Trás-os-Montes, António Reis, 1976
Pergunta ela ao seu pai, trabalhador emigrante na Alemanha. O pai responde: "Ali, do outro lado."
Sentimos que para a criança "ali ao lado" começa mesmo ali, na próxima curva do rio. No fim do mundo, no meio do mundo.
Serge Daney, Libeération, 1983
Trás-os-Montes, António Reis, 1976
O beijo
Ainda toda quente da roupa tirada
Fechas os olhos e moves-te
Como se move um canto que nasce
vagamente mas em toda a parte
Perfumada e saborosa
Ultrapassas sem te perder
As fronteiras do teu corpo
Passaste por cima do tempo
Eis-te uma nova mulher
Revelada até ao infinito.
paul éluard
poemas de amor e de liberdade
trad. egito gonçalves
campo das letras
2000
quarta-feira, 11 de dezembro de 2013
Perguntas Abandonadas #1
Para onde irão depois as coisas que aprendi?
Por exemplo: aquele cálculo de pi.
Que será feito daqueles restos de saudade,
destes medos antigos sempre novos?
Em que voltas desaparecerão os sonhos
que enfeitaram de flores o quintal antigo?
Por que caminhos irão andar aqueles ágeis pés?
Sobretudo, como se esvaziará de som a velha voz
e onde afundará o último verde daquela flama esguia?
Abgar Renault, "Obra Poética", 1990
Por exemplo: aquele cálculo de pi.
Que será feito daqueles restos de saudade,
destes medos antigos sempre novos?
Em que voltas desaparecerão os sonhos
que enfeitaram de flores o quintal antigo?
Por que caminhos irão andar aqueles ágeis pés?
Sobretudo, como se esvaziará de som a velha voz
e onde afundará o último verde daquela flama esguia?
Abgar Renault, "Obra Poética", 1990
Foto: Augusto Barros, Rio de Janeiro - Nov.2013 |
domingo, 8 de dezembro de 2013
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
Jim Jarmusch’s 5 Golden Rules (or non-rules) of Moviemaking
Rule #1: There are no rules. There are as many ways to make a film as there are potential filmmakers. It’s an open form. Anyway, I would personally never presume to tell anyone else what to do or how to do anything. To me that’s like telling someone else what their religious beliefs should be. Fuck that. That’s against my personal philosophy—more of a code than a set of “rules.” Therefore, disregard the “rules” you are presently reading, and instead consider them to be merely notes to myself. One should make one’s own “notes” because there is no one way to do anything. If anyone tells you there is only one way, their way, get as far away from them as possible, both physically and philosophically.
Rule #2: Don’t let the fuckers get ya. They can either help you, or not help you, but they can’t stop you. People who finance films, distribute films, promote films and exhibit films are not filmmakers. They are not interested in letting filmmakers define and dictate the way they do their business, so filmmakers should have no interest in allowing them to dictate the way a film is made. Carry a gun if necessary.
Also, avoid sycophants at all costs. There are always people around who only want to be involved in filmmaking to get rich, get famous, or get laid. Generally, they know as much about filmmaking as George W. Bush knows about hand-to-hand combat.
Rule #3: The production is there to serve the film. The film is not there to serve the production. Unfortunately, in the world of filmmaking this is almost universally backwards. The film is not being made to serve the budget, the schedule, or the resumes of those involved. Filmmakers who don’t understand this should be hung from their ankles and asked why the sky appears to be upside down.
Rule #4: Filmmaking is a collaborative process. You get the chance to work with others whose minds and ideas may be stronger than your own. Make sure they remain focused on their own function and not someone else’s job, or you’ll have a big mess. But treat all collaborators as equals and with respect. A production assistant who is holding back traffic so the crew can get a shot is no less important than the actors in the scene, the director of photography, the production designer or the director. Hierarchy is for those whose egos are inflated or out of control, or for people in the military. Those with whom you choose to collaborate, if you make good choices, can elevate the quality and content of your film to a much higher plane than any one mind could imagine on its own. If you don’t want to work with other people, go paint a painting or write a book. (And if you want to be a fucking dictator, I guess these days you just have to go into politics…).
Rule #5: Nothing is original. Steal from anywhere that resonates with inspiration or fuels your imagination. Devour old films, new films, music, books, paintings, photographs, poems, dreams, random conversations, architecture, bridges, street signs, trees, clouds, bodies of water, light and shadows. Select only things to steal from that speak directly to your soul. If you do this, your work (and theft) will be authentic. Authenticity is invaluable; originality is nonexistent. And don’t bother concealing your thievery—celebrate it if you feel like it. In any case, always remember what Jean-Luc Godard said: “It’s not where you take things from—it’s where you take them to.”
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
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